sábado, julho 22, 2006

Beja...

É aquela cidade pequena onde tudo é pequeno e onde qualquer sinal mais óbvio de uma certa grandeza interior provoca logo olhares estranhos e sussurros maliciosos.

É aquela cidade que quer muito crescer mas que não pensa que isso pode estar no crescimento de cada um e sim em investimentos exteriores que raramente chegam ou, se chegam rapidamente desaparecem. Como é o caso de uma loja mais original ou de um projecto mais arrojado.

É aquela cidade que quer muito que os seus jovens voltem, mas que quando voltam não têm muitas saídas na sua área… e mais grave ainda…

É aquela cidade que, quando esses jovens voltam, e não encontram na área, procuram em áreas alternativas que podem ter o seu interesse, a cidade acolhe com o dedo apontado. Não reconhece o valor daqueles que voltam e querem ficar mesmo abdicando do sonho liceal. Comentam com desdém e com a sobrancelha franzida a nova escolha. Seria melhor então, não ter voltado ou não fazer nada? Seria mais digno ficar sem fazer nada? Entupir o centro de emprego por ser fiel à minha área?

A mim não me parece estranho que uma pessoa não seja uma opção apenas e sim um conjunto de gostos variados e de muitas áreas de interesse. Além do mais não abdiquei das artes, só trabalho numa coisa diferente!

E gostaria muito que cada um nesta cidade se concentrasse na sua vida e não na dos vizinhos, porque grande parte da mudança poderia, eventualmente, partir daí. Já se sabe que para um campo ser verde, cada erva por si só tem que ser verde e concentrar-se nisso para que o todo resulte como verde… se cada uma decidir ser amarela ou azul não há um consenso … e todos nós no fundo queremos o mesmo, uma cidade mais saudável a nível de relações sociais!

13a

3 comentários:

RCataluna disse...

Subscrevo e assino por baixo!

Bom fim-de-semana!

Abade.anacleto disse...

Não poderia estar mais de acordo com este belo artigo. Foi uma das melhores descrições factuais desta "cidade pequena" que me lembro de ler. Parabéns.

Anónimo disse...

Eu não teria dito melhor. Por isso não volto, fico onde estou, e ás vezes vou a Beja só para matar as imensas saudades que sinto da "nossa" planície.